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1) "Trumbo-A lista Negra" - Filme de 2016. Um bom filme para assistir nestes tempos de macartismo jurista no Brasil. Assim como o senador McCarthy foi para o lixo da História, assim também vai acontecer com Moro e seus comparsas do judiciário. "O longa conta a história de Dalton Trumbo, um roteirista de sucesso nos tempos de ouro de Hollywood, mas como membro do partido comunista americano foi considerado uma ameaça e colocado na famosa lista negra americana, que tinha nomes de milhares pessoas que trabalhavam no ramo do entretenimento e por seu envolvimento subversivo e antiamericano estariam colocando sutis propagandas comunistas nos filmes hollywoodianos. Injustiçados, esses profissionais foram presos e depois impedidos de continuarem trabalhando no ramo. Trumbo foi um dos que se rebelaram contra esse sistema, e através de uma série de pseudônimos continuou escrevendo para os estúdios cinematográficos, recebendo até um Oscar por um de seus scripts, ironizando de vez a lista negra dos EUA. O filme conta toda essa trajetória do polêmico e corajoso Dalton Trumbo, mostrando seu envolvimento, mesmo na sarjeta hollywoodiana, com obras-primas do cinema como Spartacus (1960), Êxodos (1960), A Princesa e o Plebeu (1953)." Detalhes técnicos: Data de lançamento: 28 de janeiro de 2016 (2h 04min) / Direção: Jay Roach / Elenco: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren / Nacionalidade: EUA"
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1) "Trumbo-A lista Negra" - Filme de 2016. Um bom filme para assistir nestes tempos de macartismo jurista no Brasil. Assim como o senador McCarthy foi para o lixo da História, assim também vai acontecer com Moro e seus comparsas do judiciário. "O longa conta a história de Dalton Trumbo, um roteirista de sucesso nos tempos de ouro de Hollywood, mas como membro do partido comunista americano foi considerado uma ameaça e colocado na famosa lista negra americana, que tinha nomes de milhares pessoas que trabalhavam no ramo do entretenimento e por seu envolvimento subversivo e antiamericano estariam colocando sutis propagandas comunistas nos filmes hollywoodianos. Injustiçados, esses profissionais foram presos e depois impedidos de continuarem trabalhando no ramo. Trumbo foi um dos que se rebelaram contra esse sistema, e através de uma série de pseudônimos continuou escrevendo para os estúdios cinematográficos, recebendo até um Oscar por um de seus scripts, ironizando de vez a lista negra dos EUA. O filme conta toda essa trajetória do polêmico e corajoso Dalton Trumbo, mostrando seu envolvimento, mesmo na sarjeta hollywoodiana, com obras-primas do cinema como Spartacus (1960), Êxodos (1960), A Princesa e o Plebeu (1953)." Detalhes técnicos: Data de lançamento: 28 de janeiro de 2016 (2h 04min) / Direção: Jay Roach / Elenco: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren / Nacionalidade: EUA"
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Produção França/Alemanha/Áustria. "Amor", no título original "Amour", tem como diretor Michael Haneke. Seus filmes costumam causar incômodo nos espectadores. "Quem espera um relacionamento repleto de declarações apaixonadas ou saudosistas deve passar longe do longa-metragem. Para Haneke, é na adversidade que se tem a grande prova de amor. É assim, fiel a esta máxima, que o filme transcorre de forma lenta e gradual, acompanhando a trajetória de vida do casal formado por Georges (Jean-Louis Trintignant, de volta ao cinema após sete anos de ausência) e Emmanuelle Riva. Vivendo sozinhos em uma casa confortável, eles passam a enfrentar problemas quando ela sofre um derrame. É o início da via crúcis do casal ou, para Haneke, da grande prova de amor entre eles." (Fonte: Francisco Russo, no site Adoro Cinema)
"É um tom épico o que o diretor Paul Thomas Anderson semeia, herdeiro mais de John Steinbeck e Terrence Malick do que do Orson Welles de Cidadão Kane. O fato é que o Anderson de Boogie Nights e Magnólia amadureceu em várias direções, algumas inesperadas. Faz grande cinema, digno da melhor tradição de John Huston e do George Stevens de Assim Caminha a Humanidade (1956) – uma das fontes de releitura desta história, ligeiramente adaptada do livro Oil, de Upton Sinclair. Seu mergulho nos mitos fundadores da América afunda suas raízes no passado e ilumina o presente.O sangue negro que no início do século XX jorrava na Califórnia agora jorra no Iraque, em todos os lugares misturado com o sangue dos homens, embebidos nos delírios do poder e da riqueza." (Neusa Barbosa, CineWeb)
Girando em torno de relações familiares complicadas, o filme do sul-africano radicado na Nova Zelândia Matthew J. Saville extrai emoções delicadas e um humor ácido neste duelo entre uma avó (Charlotte Rampling) e um neto adolescente (George Ferrier).
Ruth, a avó, foi uma mulher livre, uma fotógrafa que viajou o mundo todo e conheceu muitas paixões - a ponto de não revelar ao filho, Robert (Marton Csokas), quem é seu pai. Entre ela e este filho, as relações sempre foram tensas e não muito afetuosas. Na vida adulta, seus rumos se separaram por muitos anos. Agora na velhice, Ruth quebrou a perna e precisa de assistência, retomando contato com o filho.
Filme norte americano do diretor Michael Cimino. A vida como roleta russa: "Com 183 minutos de duração, “O Franco Atirador” nos mostra muito mais que o horror da guerra, ele nos mostra o horror das más lembranças que ficam presentes para sempre, a insegurança e o desconforto de uma nova vida, o embate emocional, a solidão e o desespero em um quarto de hotel. Conflitos internos e sentimentos desencontrados que se enraízam na vida de homens derrotados por uma guerra sem vencedores. As sequências de torturas na guerra são propositalmente incômodas, mas o que mais destrói naquilo tudo é a incerteza. A cada momento, a cada movimento, a cada giro do tambor do revólver, Michael, Nick e Stanley se veem atormentados pela morte que os cercam." ( por Kley Coelho , do Cinemação)
"Novo filme do premiado cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, Monster traz uma delicada e profunda trama sobre a natureza humana. ..,,, O roteiro, escrito magistralmente por Yuji Sakamoto – não à toa é o vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes de 2023 – acerta ao usar esse ponto como apenas um ponto de partida, uma premissa inicial que serve como convite para uma narrativa gradualmente mais complexa e nuanceada. A história entrelaça Minato e seu amigo Yori Hoshikawa (Hinata Hiiragi), um garoto psicologicamente abalado por seu pai alcoólatra, mas que possui uma visão surpreendente do mundo, compartilhada aos poucos com Minato. À medida que diferentes pontos de vista são revelados, algo que Kore-eda realiza com cadência perfeita através de uma cuidadosa montagem, as peças do quebra-cabeça se encaixam, e o espectador percebe que o monstro do título não é uma pessoa específica, por mais inaceitável que seja seu comportamento, e muito menos o pequeno Yori, apelidado assim por seu pai, mas sim todos nós, como sociedade, cujo enrijecimento de visão tem enorme dificuldade – às vezes, infelizmente, uma recusa teimosa – em compreender e aceitar diferenças em relação a padrões profundamente enraizados." (por Kdoo Spiller, no Site "Cabana do Leitor")
Filme iraniano de 2011. "Dirigido pelo talentoso Asghar Farhadi, que já havia chamado a atenção com o ótimo Procurando Elly, A Separação traz uma história simples sobre as complexidades das relações entre os indivíduos. Mesmo ainda se amando, Nader (Peyman Moaadi) e Simin (Leila Hatami) são obrigados a se separar por causa do desejo dela em deixar o Irã à procura de uma vida melhor no exterior. Ele, no entanto, se recusa a abandonar seu pai, que sofre de Alzheimer. Este é apenas a premissa do longa, mas o roteiro vai ainda mais longe ao inserir na trama uma mulher grávida que vai trabalhar como empregada para Nader, mas esconde o fato do marido.. Embora todas as situações sejam profundas e interessantes, na verdade, o que importa é o sentimento que emana de cada uma delas, principalmente da tal separação do título. O filme possui alguns momentos de humor involuntário, como na cena em que Simin tenta convencer Nader a se mudar afirmando que seu pai nem sabe que ele é filho dele. "Mas eu sei que ele é meu pai", responde o marido. Este é apenas um de inúmeros diálogos dignos de destaque. " (por Lucas Salgado, no Site "Adoro cinema")
"Esse filme explora a descoberta do “eu” por parte de Bella, ao mesmo tempo em que ela descobre o mundo pela primeira vez. Um conto rousseauiano, que instiga a reflexão sobre a premissa de Jean-Jacques Rousseau de que o ser humano nasceria intrinsecamente bom, suscitando a questão crucial de como a influência do mundo ao redor dele pode eventualmente corromper essa natureza original. E afinal, qual parte de nós nos faz quem somos? Discussões profundas, como essa sobre a relação entre corpo e mente, carne e consciência, são colocadas na mesa de cirurgia da forma mais elegante possível em um desenrolar que não abre mão, em nenhum momento, do tom perversamente cômico que o filme mantém do início ao fim. Como já fez inúmeras vezes, Yorgos Lanthimos nos conduz pela mão e nos transporta para um lugar desconfortável em um espaço estranho, conquistando-nos pelo domínio que ele tem da narrativa, completamente descompromissada com a realidade. Seus universos, meticulosamente pensados e plenamente explorados por ele, geralmente nos apresentam realidades com regras que em nada se assemelham ao nosso mundo. Constantemente, nos vemos questionando por que aqueles personagens tão esquisitos não desafiam as regras do universo em que vivem, ou o motivo daquelas regras e leis universais pré-estabelecidas pelo filme existirem. Aqui reside a genialidade que permeia toda a filmografia do diretor grego: Ao nos apresentar um mundo onde os personagens são submetidos a leis e regras absurdas, refletimos sobre quais convenções sociais nós também seguimos sem nem ao menos questionar."
2) "O menino e a garça" - 2023
Filme de animação japonês de 2023 com direção de Hayao Miyazaki. Conquistou o prêmio de melhor filme de animação no Oscar 2024. "Na trama, ambientada no Japão em tempos de Segunda Guerra Mundial, conhecemos Mahito, um jovem que perde a mãe muito cedo em uma tragédia por conta dessa terrível guerra. Tempos depois ele se muda com o pai para uma enorme propriedade na zona rural japonesa onde tem o primeiro contato com a nova madrasta. Essa última de quem não consegue se aproximar por achar que ela está roubando o lugar de sua mãe. Desbravando a extensa propriedade que é seu novo lar, acaba descobrindo um lugar que logo se mostra uma espécie de portal. Quando sua madrasta some, o protagonista embarca na sua aventura indo até esse lugar mágico junto com uma curiosa garça e lá o confronto com um universo de situações que ele jamais imaginaria encontrar se mostra à sua frente. Primeiro filme de animação da história a ser o escolhido para a abertura no prestigiado Festival de Toronto, O Menino e Garça apresenta em seu primeiro ato um detalhismo minucioso sobre o contexto de uma época de tensão em um Japão consumido pela guerra, fato que causou uma série de consequências para seus habitantes. Dentro desse contexto, que é bastante representativo pela proximidade do protagonista com a situação já que o pai é um projetista de peças de combate, a narrativa com um dinamismo próprio começa sua poesia quase enigmática a partir desse personagem principal nas dores do luto e com a inconsequência sendo uma constante. Ao longo das suas duas horas de projeção, a jornada do herói é muito bem estabelecida com embates sendo refletidos nas ações o que impulsiona a narrativa para um ritmo intenso onde não conseguimos desgrudar os olhos da tela. Conflitos familiares viram molas propulsoras para um choque com a realidade, um lugar comum na trajetória de todos nós, onde erramos e acertamos mas nunca deixamos de ter elementos ao nosso redor que nos posicionam em zonas de equilíbrio."
"Atuante desde meados da década de 1990, o cineasta italiano Matteo Garrone ganhou grande projeção em 2008 com o drama Gomorra, adaptação da obra de Roberto Saviano sobre a máfia em Nápoles. Eu, Capitão é o mais recente trabalho do diretor e aborda um aspecto espinhoso da geopolítica contemporânea a partir da história de dois adolescentes senegaleses que empreendem uma viagem pelo deserto e pelo oceano para chegar à Itália, aspirando uma grande mudança de vida.....Eu, Capitão é marcado por uma condução certeira de Matteo Garrone para o assunto. Ao mesmo tempo que o diretor não poupa o espectador de uma abordagem crua da violência sofrida pelos protagonistas em sua jornada, não faz da sua narrativa um relato sensacionalista. Nesse sentido, o diretor opta, por exemplo, por mostrar o rosto do jovem Seydou desfigurado e em carne viva ao invés de exibir cenas nas quais o personagem é violentado pelos seus sequestradores no deserto. Esse tipo de abordagem do diretor é muito mais eficiente para dimensionar o horror vivido pelos garotos em sua viagem rumo ao sonho europeu do que a exibição de longas cenas de tortura física e psicológica, um caminho óbvio a qualquer diretor que abordasse esse assunto."
Filme de 2023 com direção de Wim Wenders e roteiro de Wim Wenders e Takayuki Takuma. É indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. "O roteiro de “Dias Perfeitos” é lindo em sua singeleza, em sua poesia, em seu komorebi. Wim Wenders é um cineasta que sabe usar as imagens como poucos. Aqui ele nos coloca no meio da cultura japonesa, que serve como pano de fundo para a história de um zelador, com ares de misterioso, sempre introspectivo, calado e atento, presente...."."Ao construir um protagonista que é perfeitamente feliz e satisfeito em sua rotina, o longa bota em xeque exatamente a ideia de belo e de felicidade: como pode um sujeito que trabalha limpando banheiros públicos pela cidade ver beleza nisso tudo e ainda por cima ser feliz? Nesse sentido, vale observar todo o entorno desse personagem: além de trabalhar em um emprego desprezado socialmente, um de seus passatempos é ler livros comprados em sebos (ou seja, de uma loja que vende livros usados, desprezados pelos seus donos anteriores) e ele se lava em banhos públicos, locais desprezados por ser destinado à pessoas empobrecidas e que evidencia o privilégio que é ter um chuveiro dentro de casa. Tudo isso se torna ainda mais tocante pela primorosa interpretação de Kôji Yashuko, que, sempre sorrindo, entrega sentimentos e profundidade a este indivíduo não enxergado pelo coletivo."
Filme norte americano de 2023. O filme discorre sobre a vida do cientista norte-americano que carregou o título (e o fardo) de “pai da bomba atômica”. O filme pressiona o público a sentir o peso do horror, com atuações dramáticas e uma lente próxima do mundo real. É um filme contado de maneira não linear, mostrando diversos momentos da vida do físico, desde seu início como estudioso de Física Teórica até os embates com o governo americano popr causa de sua ligação com o partido comunista dos EUA. O trabalho de Cillian Murphy é excelente por conseguir entregar uma representação realista do personagem, sem colocar Oppenheimer (ou Oppie para os amigos) em um pedestal de grande herói incompreendido. Pelo contrário. Oppenheimer, desde o momento em que aparece na tela, é mostrado como um homem cheio de falhas, mulherengo, orgulhoso e muitas vezes arrogante, mas com um senso de integridade para com seus deveres e país."
A história sobre o criador da bomba atômica era o palco perfeito para o realismo de Christopher Nolan, que harmoniza com o tom proposto pelo filme, engrandecendo-o. Na melhor cena de Oppenheimer – e, até agora, a melhor cena do ano – os cientistas do projeto Manhattan realizam o teste da sua arma de destruição em massa. Gravado inteiramente com efeitos práticos, o resultado é uma explosão quase palpável, as chamas têm textura, cor, luz e um requinte de horror."
O recém-indicado a melhor filme no Oscar 2024 estreia em 25 fevereiro de 2024 nos cinemas brasileiros gabaritado pelo roteiro afiado (e indicado) da diretora estreante Celine Song e atuações sensíveis encabeçadas por Greta Lee ("The Morning Show")..
"Vidas Passadas é um drama que conta a história de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância com uma conexão profunda, mas que acabam se separando quando a família de Nora decide sair da Coréia do Sul e se mudar para a cidade de Toronto. Vinte anos depois, os dois amigos se reencontram em Nova York e vivenciam uma semana fatídica enquanto confrontam as noções de destino, amor e as escolhas que compõem uma vida.
“Vidas Passadas” é sobre a vida adulta. É um contexto dramático acerca de escolhas que já foram tomadas e das consequências destas decisões. E não é algo que tenha relação direta com arrependimento, pois, às vezes, está mais conectado àquela máxima que diz: “era pra ser assim”. Mas é certo aceitar essa frase como algo positivo? É realmente o melhor caminho não lutar por um grande amor de infância e optar pelo mais cômodo, continuando com um amor que, apesar de ser um porto seguro, não transborda como o outro? Será que o que é cômodo é tão ruim mesmo, a ponto de a escolha pelo incerto ser a melhor opção? E a pessoa que não foi escolhida, será que não tem mais importância na vida do outro?"
Filme de 2022 com produção francesa e espanhola e direção de Rodrigo Sorogoyen. Nos cinemas brasileiros a partir de janeiro de 2024. As Bestas é uma alegoria complexa e sem moralismo ou cinismo sobre o modo como os discursos políticos demagógicos se aproveitam de um momento de aflição para construírem uma falsa indignação, nunca colocando em causa o sistema na origem das desigualdades, mas exacerbando e atiçando uma espécie de fúria cega para seu proveito.
No centro do filme encontramos precisamente dois temas, e a sua intercepção: primeiro, uma espécie de orgulho masculino em marcar o território, em não recuar perante o outro, em elevar a agressividade como resposta perante a agressão do outro, que no fundo depois resulta numa impotência de não conseguir resolver a situação e ainda amplia os efeitos negativos sobre si mesmo, caminhando para um ponto de não retorno."
"Não há armadilhas em Os Rejeitados, porque o diretor não usa a temática como um manipulador barato de emoções do público, com belas cenas bem fotografadas na neve e afagos inesperados vindos de um lugar onde nunca houve sequer a possibilidade de carinho, respeito ou mesmo consideração. Os corações feridos, aqui, conseguem sair do lamaçal, mas não há doçuras exageradas à vista. Há um sacrifício e um “insatisfatório” vida que segue, como acontece na vida. E digo “insatisfatório” porque, apesar de o clímax ser pago com uma entrega marcante de eventos, há uma “deixa“, uma “falta” que abre espaço para incertezas, fazendo com que toda a jornada ganhe tons agridoces. E aí é que está a maturidade e a honestidade do projeto. Na vida, mesmo após um grande choque, um sacrifício, um aprendizado, nunca há a certeza do que uma escolha pode gerar. Até porque, nunca paramos de fazer escolhas. E mesmo diante dessa amargura escondida, o texto insere tons de esperança com o “até logo” e o diretor mostra na tela que o certo a ser feito, no momento, está concretizado: cada um segue o seu caminho com um novo olhar para o mundo e com novos sentimentos no peito. O que vem a partir daí é apenas a vida um degrau acima de qualquer nova experiência e conquista…"
Os Rejeitados (The Holdovers) — EUA, 2023
Direção: Alexander Payne
Roteiro: David Hemingson
Elenco: Paul Giamatti, Dominic Sessa, Da’Vine Joy Randolph, Carrie Preston, Brady Hepner, Ian Dolley, Jim Kaplan, Michael Provost, Andrew Garman, Naheem Garcia, Stephen Thorne, Gillian Vigman, Tate Donovan, Darby Lee-Stack, Bill Mootos, Dustin Tucker, Juanita Pearl, Alexander Cook, Liz Bishop, Cole Tristan Murphy, Will Sussbauer, Carter Shimp
Duração: 133 min.
9) "Anatomia de uma queda" - 2023
“Anatomia de Uma Queda” - filme francês - é uma análise sobre o poder e as limitações da imagem como prova na contemporaneidade. Um filme complexo e instigante que não oferece soluções fáceis, mas consegue como poucos transformar em imagens as suas reflexões."
Anatomia de uma Queda é um suspense dramático dirigido por Justine Triet, que conta a história de um homem que é encontrado morto na neve do lado de fora do chalé isolado onde morava com sua esposa Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, e seu filho de 11 anos com deficiência visual. A investigação conclui se tratar de uma "morte suspeita": é impossível saber ao certo se ele tirou a própria vida ou se foi assassinado. A viúva é indiciada, tendo seu próprio filho no meio do conflito: entre o julgamento e a vida familiar, as dúvidas pesam na relação mãe-filho, pois o menino é a única testemunha do acontecido. Com estreia mundial no Festival de Cannes 2023 e Festival Varilux de Cinema Francês no Brasil, o longa venceu o prêmio Palma de Ouro.
Direção: Justine Triet
Roteiro Justine Triet, Arthur Harari
Elenco: Sandra Hüller, Swann Arlaud, Milo Machado-Graner
Título original Anatomie d’une chute
10) "Segredos & Mentiras" - 1996
Várias vezes o diretor - Mike Leigh - afirmou que a base conceitual de Segredos & Mentiras passou por sua tripla pretensão de abranger temas inter-relacionados como a identidade dos sujeitos, as reviravoltas da adoção e o futuro das novas gerações de jovens negros – ou qualquer outro grupo cultural, étnico ou regional considerado minoritário no Reino Unido, como o muçulmano ou o hindu – que consiga escapar da marginalidade e ascender para estratos econômicos com maior poder aquisitivo e melhores condições de vida por meio do acesso a diplomas universitários ou cargos hierárquicos, privilégio que seus pais não usufruíam em escala geral por serem imigrantes de primeira ou segunda geração.
Filme australiano de 1996. Shine descreve a história real do pianista australiano David Helfgott. O Diretor George Withers tece um roteiro comovente, à base de flashbacks, desde a infância de David, sua evolução musical, seu encontro com a loucura e a música de Rachmaninoff, sua restauração e relativa adaptação psicológica graças ao amor e à compreensão humana. A infância de David já é pontuada pela terrível figura de um pai devorador, que como o deus Crono da mitologia grega, devora seus próprios filhos logo após nascerem, isto é; impede que qualquer processo criativo se desenvolva próximo de si.
Filme norte americano de 2022. "Parece o Brasil de 2022, mas são os Estados Unidos de 1980, cenário do novo filme de James Gray, "Armageddon time", em cartaz nos cinemas. Exibido no Festival de Cannes e na Mostra de Cinema de São Paulo, o título está cotado para algumas das principais categorias do próximo Oscar e chega aos cinemas brasileiros um tanto perdido no espaço-tempo."
O Menu (2022) é o tipo de filme que não é nada sutil. Construído como um suspense para surpreender o espectador com constantes reviravoltas, o longa dirigido por Mark Mylod (Succession) é direto em sua principal missão: expor a hipocrisia e os delírios da burguesia atual.
Filme sueco de 2022, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2022 e pode surpreender no OSCAR.
Especialista em descontruir mitos sociais em seus filmes, o diretor Östlund coloca seus personagens em situações profundamente desconfortáveis para pessoas mais do que confortáveis em seus privilégios. Seja em uma conversa sobre machismo ou discussões acaloradas de capitalismo contra comunismo, quase todas as passagens de Triângulo da Tristeza são feitas para deixar o espectador torcendo contra os protagonistas, não importa qual deles esteja em cena.
Apesar de pressionar constantemente seus principais nomes, o longa tem em personagens como a faxineira Abigail (Dolly De Leon, incrível no papel) e o Capitão (Woody Harrelson) os maiores “representantes” do povo. Cansados da hipocrisia daqueles para os quais trabalham, a dupla se aproveita de oportunidades para colocá-los em posições ainda mais desagradáveis –para alguns, até um pouco nojentas.
Triângulo da Tristeza é um filme que dividiu opiniões em Cannes e que promete seguir dessa forma ao estrear nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (16). Mesmo que não seja adepto de sutilezas, o longa de Östlund é capaz de pisar devidamente no calo daqueles representados em seus personagens. Definitivamente é uma história que enoja e faz rir, mas, acima de tudo, convida todos a pensar (e repensar) seu papel na sociedade.
15) "Drive my car" - Filme japonês de 2021 candidato ao Oscar com direção de Ryûsuke Hamaguchi, 179 minutos.
SINOPSE
Adaptado de um conto de Haruki Murakami, Drive My Car segue duas pessoas solitárias que acham coragem para enfrentar o seu passado. Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) é um ator e diretor de sucesso no teatro, casado com Oto (Reika Kirishima), uma linda roteirista com muitos segredos, e com que divide sua vida, seu passado e colaboração artística. Quando Oto morre repentinamente, Kafuku é deixado com muitas perguntas sem respostas de seu relacionamento com ela e arrependimento de nunca conseguir compreendê-la. Dois anos depois, ainda sem conseguir sair do luto, ele aceita em dirigir uma peça no teatro de Hiroshima e vai com seu precioso carro Saab 900. Lá, ele encontra e tem que lidar com Misaki Watari (Toko Miura), um mulher e chauffeur com que tem que deixar o carro.
16) "200 metros" - Filme de 2020 / Nacionalidades: Palestina, Jordânia, Qatar, Suécia, Itália
Mustafa tem sua vida dividida entre duas casas: uma em Israel, onde se encontram a esposa e o filhos, e outra na Palestina, a 200 metros, onde ele reside por não possuir passaporte israelense. Um muro com forte fiscalização separa as residências, embora o homem viaje diariamente ao lado israelense para trabalhar. Ao saber que seu filho está internado num hospital, ele faz de tudo para visitar o garoto, mas um problema burocrático o impede de cruzar a barreira. Ele precisa encontrar maneiras alternativas, e ilegais, de chegar ao seu destino.
17) "No Ritmo do Coração (CODA)" - EUA, FRANÇA 2021 / Este filme lançado em 2021 e com produção norte americana e francesa conquista ao injetar emoção em fórmula simples. É um dos melhores de 2021. O longa conta a história de uma adolescente que tem pais surdos. Foi o grande vencedor do Festival de Sundance, que se encerrou em 02 de janeiro deste ano com uma cerimônia virtual. O longa venceu nas categorias do grande prêmio do júri, prêmio do público, melhor direção e prêmio especial do júri de melhor elenco. No que diz respeito à surdez, o filme faz uma excelente trabalho, sem ser forçadamente exploratório, ao demonstrar as dificuldades diárias – em discussões, negociações ou reuniões -, existindo uma cena em particular, no teatro, em que o silêncio vale ouro. É uma das cenas mais poderosas do filme, onde é muito bem demonstrada a importância da comunicação, através de diferentes formas. A comunicação, a importância da família e a luta pelos nossos sonhos são as três grandes áreas onde o filme nos pretende passar algo mais do que demonstra em cena e nunca falha nesses aspectos.
18) "Sempre em frente (C'mon C'mon)" - EUA, 2020 / Escrito e dirigido por Mike Mills (Mulheres do Século 20), o filme vai girar em torno de um jornalista de rádio (Phoenix) que embarca em uma viagem pelo país com seu jovem sobrinho (Woody Norman). Após uma grande perda, a dupla vai forma uma conexão especial.
19) "Desejo e Perigo" - EUA, China, Taiwan. Filme de 2007 com direção de Ang Lee/ Os estudiosos do comportamento humano dizem que, em tempos de opressão e falta de perspectiva, o sexo é uma das únicas maneiras que uma pessoa encontra para escapar da apatia e do amortecimento. E poucos filmes retratam isso de modo tão claro quanto Desejo e Perigo (Lust, Caution).
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Wang Jiazhi (Wei Tang) é uma jovem chinesa que entra na faculdade durante o período de ocupação japonesa, na 2ª Guerra Mundial. Lá ela participa de um grupo de teatro patriótico, tornando-se rapidamente a artista principal. Entretanto os planos do grupo são mais ambiciosos. Eles decidem assassinar o sr. Yee (Tony Leung Chiu Wai), um colaborador do lado japonês. Wang, então, se transforma em Mak, a fictícia esposa de um mercador. Sua função é se tornar amante do sr. Yee, para facilitar a ação do grupo.
20) "Ataque de cães" - Filme de 2021. O protagonista, que representa as dores da masculinidade tóxica. No entanto, Jane Campion é tão capacitada que ao rolar dos créditos finais, alteramos nossa visão sobre o cruel Phil, que vai de torturador a torturado.
Uma alma que anseia se ver livre da espada (função simbólica) e do poder dos cães (coletivo masculino).
21) "Não olhe para cima" - Filme norte-americano de 2021. / Adam McKay (diretor) mirou no Trump e acertou em cheio no Bolsonaro. Suas referências e inspirações para o filme foram dos Estados Unidos, mas é impossível assistir Não Olhe Para Cima e não fazer uma relação com o Brasil nesses últimos dois anos de pandemia. Analisar a postura do presidente, da mídia, da população brasileira como um todo. E a gente consegue se enxergar no filme como se ele fosse um espelho.
22) "Paris Texas" - ‘Paris, Texas’ - filme de produção alemã lançado em 1984 / Diretor: Wim Wenders. É a jornada de indivíduos buscando por sua identidade em meio a uma conjunção cruel de fatores. Um filme que vai lidar com pontos extremos do ser humano com uma sensibilidade comovente. Wim Wenders entrega a obra mais relevante de seu cinema, mostrando aqui todos os elementos que acabam por compor seus filmes. Toda a nostalgia presente em cada fragmento de cena traz um misto de tristeza e felicidade no próprio espectador, nos fazendo olhar para nossos próprios passos, atrás da construção de nossas identidades no mundo.
23) "Truman" (2015) - Darín interpreta Julian, um ator argentino radicado em Madrid. Ele, que lutava contra um câncer, recebe a notícia de que a doença se espalhou por todo o corpo. Sem perspectiva de cura, ele decide interromper o tratamento e aguardar pela morte. Então, recebe a visita de um amigo de infância que mora no Canadá, Thomas (Javier Cámara). O amigo tenta convencer Julian de seguir lutando, mas, sem muita abertura, acaba convencido a aproveitar o curto tempo que eles têm juntos para matar a saudade e também se despedir. A história é básica e delicada e ganha força diante das grandes atuações de Cámara e especialmente Darín. É duro ver uma pessoa pensando o final de sua vida e se despedindo de pessoas importantes, mas também há certa beleza em vermos um sujeito tomando as rédeas de sua vida.
24) "Ida" (2015) - Filme polonês. Por mais que a trama foque em uma espécie de reencontro com o passado, o grande objeto da narrativa é a jornada de uma jovem que inicia a vida adulta e é obrigada a conviver com erros e decepções. A relação entre Ida e Wanda é o ponto alto da produção, com personagens complexos e cenas realmente bonitas. A tia, vista pela jovem como pecadora, confronta constantemente seus próprios fantasmas ao mesmo tempo que tenta passar um pouco de sua experiência para a sobrinha. É bem interessante quando ela confronta a ideia de sacrifício feito pelas freiras que fazem seus votos. Como chamar de sacrifício se elas não conhecem o prazer do pecado?
25) "Meu Pai" (2020) - Anthony Hopkins ganhou Oscar de 2021 como melhor ator.. O filme é um relato arrasador da velhice. Depois de assistir ao longa é difícil imaginar um retrato da demência tão cortante e fiel. Para quem já viveu situações semelhantes com entes queridos, é quase impossível não se identificar com os que rodeiam Anthony e perdem a paciência, dispensando suas confusões como teimosias. Vê-los da perspectiva de Anthony é excruciante. Meu Pai é uma experiência sensorial importantíssima para compreender e empatizar com a situação. Assim como Amor fez há alguns anos, o filme é um relato arrasador da velhice, que deixa uma sensação inquieta difícil de dispensar.
26) "O som do silêncio" (2020) - Em "O som do silêncio", um jovem baterista teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Duas paixões estão em jogo: a música e sua namorada, que é integrante da mesma banda de heavy metal que o rapaz. Essa mudança drástica acarreta em muita tensão e angústia na vida do bateirista, atormentado lentamente pelo silêncio.. Entre a construção narrativa altamente relevante para as gerações atuais, a direção de fotografia intimista ou o impactante design de som, o filme demonstra com os erros de seus protagonistas que o grande desafio dos dias de hoje é ter a cabeça forte para as eventuais derrotas. E que mesmo quando a vida consegue te abater, há sempre a oportunidade de se levantar, com a ajuda dos outros, e tentar novamente - mesmo que isso apenas leve a novos erros. No fim das contas, o que importa é conhecer a si próprio, por mais frustrante que seja, e saborear os pequenos momentos de calma antes do caos.
27) "Judas e o Messias negro" (2020) - Filme de 2020 do diretor Shaka King. Judas e o Messias Negro é a história de ascensão e queda de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O’Neal (LaKeith Stanfield) acaba infiltrando os Panteras Negras e causando o assassinato de Hampton. Comentário de Márcio Alves (Coletivo Resistência): "O filme "Judas e o Messias negro" é um filme fundamental para compreender que se hoje a revolução parece improvável, a reforma é impossível, como diz David Harvey em seu recente livro autointitulado o mais perigoso: "17 contradições e o fim do Capitalismo". Como bem mostra o filme, ou construímos um amanhã revolucionário ou provavelmente afundaremos na universalização da barbárie, que, como mostra muito bem o filme, sempre esteve aí, e muito em função do autoengano pseudo-civilizatório que subestima, inclusive no Brasil de hoje, o grau de fascismo introjectado na cultura ocidental. Como diz Fred Hampton:"não é uma questão de violência ou não violência, é uma questão de resistência ao fascismo ou de não existência dentro do fascismo"
28) "Nova Ordem" (2020) - Filme do diretor mexicano Michel Franco. “Nova Ordem” é mais uma enciclopédia de Michel Franco sobre a maldade humana, mas dessa vez com fortíssimo viés político. Sua moral é óbvia: em um mundo sem a menor empatia e afogado em egoísmo e corrupção, todos nós perdemos. Em meio a uma onda do conservadorismo, do reacionarismo e do fascismo que vêm assolando inúmeras nações mundo afora, a distopia do longa choca pela gigante proximidade com o real.
29) "O Bar" (2017) - O medo revela quem realmente somos”. Esta é a tese pouco otimista desta comédia espanhola, que coloca uma dezena de personagens em situação de extrema tensão para vê-los agirem como animais. Na trama, uma dezena de pessoas de diferentes sexos e classes sociais toma um café num bar decadente da cidade. Quando um cliente sai do estabelecimento, leva um tiro de algum lugar desconhecido. Todos ficam desesperados diante do corpo sangrando na calçada. Percebendo que a vítima ainda respira, outro sair do bar e tenta ajudá-lo. Mas é baleado na cabeça. Em segundos, a civilidade desaparece e o bar se transforma num caos.ste
30) "O Coringa (Joker)" - Filme de 2019. Direção de Todd Phillips. Este filme retrata a profunda desigualdade social que está levando nossa humanidade ao colapso. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.
31) "Parasita" - Filme sul coreano de 2019. Como "O Coringa" este filme retrata a profunda desigualdade social que está levando nossa humanidade ao colapso. Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.
32) "Roma" - Filme mexicano de 2018 do consagrado diretor mexicano Alfonso Cuáron. "O diretor, hoje com 57 anos, garimpou objetos da época (México, anos 70) e recriou cenários inteiros —lojas, casas, salas de cinema. O pano de fundo é a agitação que sacudiu aquele país. Ele recria meticulosamente o chamado Halconazo, massacre de estudantes por parte de pessoas ligadas ao Exército. “Uma coisa informa a outra”, diz Cuarón ao traçar paralelos entre os dramas privados dos personagens e os eventos históricos. “Queria falar de cicatrizes compartilhadas. A relação de abuso entre patrões e empregados é parte do mesmo sintoma do Halconazo e daqueles rapazes treinados para oprimir os outros.” Inspirado na infância de Cuarón, o filme é elogiado como uma metáfora do país e de sua história, de seu passado e de seu presente. Também tem sido visto como um relato cru e emotivo sobre as realidades, alegrias, tristezas e do cotidiano oculto por trás da vida doméstica e um testemunho desolador – e, ao mesmo tempo, esperançoso – sobre as desigualdades sociais e raciais não apenas do México, mas de toda a América Latina.
"Uma das cenas mais dramáticas mostra a matança de estudantes conhecida como o massacre de Corpus Christi ou "Halconazo", que ocorreu em 10 de junho de 1971 e que ainda é hoje um dos eventos mais tristes da história do país. O massacre de Corpus Christi ainda é lembrado hoje como um dos fatos mais tristes da história do México. O incidente começou como um protesto estudantil pela libertação de presos políticos e por mais investimentos em educação, e terminou como um banho de sangue quando o governo enviou soldados treinados pela CIA, de um grupo paramilitar financiado pelo Estado e conhecido como "Los Halcones", para reprimi-los.""
"O título do filme é o nome do bairro onde a trama se desenrola, Colonia Roma, uma zona em que a classe alta mexicana se estabeleceu na primeira década do século 20 e onde existem até hoje suntuosas mansões e palacetes de inspiração europeia. Desde o terremoto de 1985, a região passou por várias transformações arquitetônicas e demográficas, ainda que atualmente continue a ser um bairro de classe média e uma das zonas residenciais mais emblemáticas da cidade.
33) "O apartamento" - Filme iraniano do diretor Asghar Farhadi. "Às vezes você pode acreditar que tem o direito de ser violento e construir todo um conjunto de razões que levam ao ato. Um homem responsável e bondoso pode se tornar um ser humano potencialmente violento."
34) "Relatos Selvagens" - Filme argentino do diretor Damián Szifrón. "Relatos Selvagens consegue, com humor, ótimas atuações e um roteiro impecável, nos mostrar que dentro de cada um existe um gigante adormecido que quando despertado pode causar muitos danos."
35) "O som ao redor" - Filme brasileiro de Kleber Mendonça Filho, o mesmo diretor de "Aquarius", "Poucos críticos compreenderam o tema do retorno do recalcado, revelado na cena final, em que os dois seguranças da rua são chamados cordialmente pelo patriarca para executar um desafeto na fazenda –à antiga maneira dos senhores de engenho– e, na contramão da lógica da dominação cordial, revelam ter vindo cobrar o antigo assassinato de seu pai (“por causa de uma cerca…”). A última cena ilumina as razões da inclusão de uma foto de representantes das ligas camponesas, organizada nas décadas de 50 e 60 e dizimadas pela ditadura, inserida entre as imagens que compõem a abertura do filme. No último segundo do filme, um estampido forte –foi tiro ou o rojão da moça insone contra o cachorro do vizinho?– vem revelar a verdadeira natureza do incômodo som ao redor, metáfora de velhas brutalidades, jamais elaboradas ou reparadas, que estão na origem da história da luta pela terra e na base do eterno poder do mais forte no Brasil.". (Maria Rita Khel)